Euro 2016

D'antes pensava que ficava triste depois do último dia de europeu, ou de um mundial, por Portugal ter perdido. O que mais teríamos feito, o que mais podia ter acontecido. Revia os melhores momentos repetidas vezes sem conta, e enquanto os meus olhos se focavam naquela bola que foi ao poste, naquele lance que passou ao lado, ou naquele minuto que faltava para jogar, o meu coração entristecia e apertava. 

Mas não foi só isso desta vez. Desta vez até ganhamos. O que o Euro e o Mundial são para os outros países fica bem longe daquilo que são para o nosso país, para a nossa nação, não representam o mesmo e nunca terão tanta carga emocional.

Estou triste na mesma. Porque acabaram os dias de sorrisos depois do trabalho, daquela cerveja mesmo nos dias em que não havia jogo. Vou sentir falta de cada uma das pessoas que partilhava a mesa comigo enquanto juntos depositávamos a nossa esperança, quão portuguesa, em cada um dos jogadores que estava em campo ou no banco. Aquela rodada que eu paguei, ou as duas que me pagaram a mim. Aquele respirar de alívio por saber que ainda havia mais um jogo, mais um momento, mais emoção. 

Eu já tinha a mesma mesa reservada, para mim e para os meus amigos. 

Estes dias proporcionaram-me imagens das mais bonitas que vi. Eu vi alegria escrito nos olhos de cada um dos meus amigos, e vi cada um escrever à sua maneira. Enquanto uns escreviam com lágrimas, outros utilizavam sorrisos! E sabíamos que ainda não tinha acabado esta aventura, e daqui a uns dias lá estaríamos para mais momentos de alegria deste povo que faz tudo a última da hora, que empata, que mostra a bandeira ao contrário, que é saloio pelo seu chouriço e pelo seu bacalhau, que é gozado por aceitar trabalhos difíceis noutros países que pessoas desses países se recusam a fazer.

Espero que cada emigrante tenha sentido o calor que eu senti, no seu coração, e sentir-se um bocadinho em casa. Que este Euro tenha servido para unir os mais distantes, para fazer mais chamadas. Que tenham sido trocadas todas as mensagens possíveis, vídeos, gritos e que tudo tenha sido pintado de vermelho e branco. Tenho a certeza que quem estava em Portugal sentiu que tocou no vosso coração como se de família nos tratássemos. 

Não vou esquecer estes dias que esperava desde 2004, e deixo cair na mesma uma pequena lágrima. Lágrima por ter chegado ao fim. Mas para além de fazer história, a nossa vida faz-se de memórias. 

E não há nada tão bonito como ter dividido os dias com os amigos, o telefone com os familiares, criado memórias com desconhecidos, e partilhar o coração com 11 milhões de irmãos. Para todos aqueles que se juntaram na Alameda, no Terreiro do Paço, em Paris, em casa, na Tasca do Zé...

Esta foi por nós, Portugueses.

Estamos juntos!

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