Black Friday!
Vamos a mais um tema que está a deixar os Portugueses loucos: a Black Friday / Week.
Para o comum Português, que pode não saber a origem deste dia, temos a dizer que a Europa está cada vez mais americana. O Black Friday, nascido nos Estados Unidos da América, é o nome que foi dado à última Sexta Feira de Novembro em que todas (quase sem excepção) as lojas aplicam descontos da ordem dos 50% a 70% nos seus produtos.
Ora, tal como o Halloween nunca foi tradição em Portugal, e portanto estupidamente e mal replicado no nosso país, a tradução de Black Friday é nada mais, nada menos, do que a seguinte palavra: engano.
Tive a oportunidade de passear por um famoso centro comercial em Lisboa durante o dia de hoje. Vamos começar pela perfumaria: duas conhecidas lojas, de perfumaria e cosmética, oferecem 3 na compra de dois perfumes, sendo que o de oferta é o mais barato. Ambas as lojas têm por hábito fazer um desconto de 20% sobre todos os perfumes e produtos de cosmética, com muita regularidade. Portanto, 20% dos três produtos, não dará o mesmo (se não até mais) do que ter o terceiro de oferta? No caso de produtos baratos, não compensa (faça o exercício com um produto de 30 euros, um de 20 euros e um de 10 euros). O problema é que o típico Português foca-se na palavra oferta, ou nas quantidades.
Para além dessa questão, está aqui outra questão patente: Engolem a nossa sociedade com palavras positivas, partindo do pressuposto de que queremos mais quantidade, sem na raramente beneficiando o consumidor apenas pela compra de um produto (se calhar aquele que ele queria mas não conseguiu comprar ainda).
Enquanto continuo à procura de um micro-ondas para minha casa (e até já tenho um em vista) tenho acompanhado o desenvolvimento do preço numa conhecida loja de eletrodomésticos que apregoa preços arrasadores na Black Week. Esse mesmo micro-ondas aumentou de preço a semana passada (10 Euros), e esta semana está com um imbatível desconto de 10 euros! Sensacional! Esta terceira questão ainda nos deixa mais intrigados: lojas que a única coisa que vão ter é benefício porque chamam os clientes a loja, iludindo o consumidor com um desconto fictício quando na realidade esse “desconto” resultaria no mesmo preço de há duas semanas atrás...Big deal...
Depois temos a PlayStation, a famosa consola da Sony. Eu não a posso comprar porque não tenho 300 euros disponíveis agora para dar. Mas a PlayStation que tem 20% de desconto é aquela que vem com dois comandos, jogos, e mais não sei quantas coisas incluídas. Se essa consola está a 600 euros, eu não vou ter possibilidade de a comprar na mesma! Se calhar para as outras PlayStations é Monday ou Tuesday...
Em suma, o Black Friday vem beneficiar maioritariamente quem compra caro, e não vem propriamente abrir possibilidades a carteiras menos recheadas. Dá-se vazão a produtos que se vendem mais dificilmente, trazem-se mais clientes ás lojas, sem uma clara vantagem para o consumidor. O cliente que compra caro, ou em quantidade, já iria beneficiar em muitos casos destas promoções (especialmente no caso das electrónicas), enquanto que no caso das cosméticas, quem compra barato ontem agora um desconto igual ou muito semelhante.
Portugal utiliza o Black Friday como um golpe fortíssimo, e é importante perceber isso antes que nos tomem por burros.
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