Ontem e Hoje

 

Não havia Netflix: eu aluguei filmes num clube de vídeo. 

Não havia notificações de todas as mensagens na tela de um telefone: usava-se um Pager, o mIRC, Messenger, mandava-se um Kolmi ou pagava-se um SMS. 

Não havia Instagram: Mas havia Blogspot, MySpace, Hi5 (antes de aparecer o Facebook).

Não havia Wi-Fi a ligar múltiplos equipamentos à internet a 1GB/s: era por cabo, e não podia ter o telefone fixo ligado. 

Não havia um Google: havia um Sapo, um Altavista, um Cade.com.br ou então Diciopedias não atualizáveis.


Em vez de ocupar apenas um bolso com um iPhone ocupava três: um para a minha máquina fotográfica, um para o meu leitor de MP3 (ou Walkman, Diskman) e um para o meu Nokia 3310 - era essencial jogar Snake.

Os jogos demoravam a carregar na Master System mais do que demoram na PS5. Joguei desde o Sonic ao GTA. O computador demorava pelo menos 10 minutos a carregar, e hoje nem 1 minuto demora. Não sei se joguei mais CM, FM, Age of Empires ou Worms.

Dependia do review que faziam no “Templo dos Jogos” programa da SIC que me motivou a jogar Pokémon no Game Boy Color.


Os jogos não eram só digitais, e tudo era um

Jogo: Jogo da Glória, Macaquinho do Chinês, Jogo da Macaca, Matutazos, Matutolas.

Coleccionei cromos da Panini, cartas Pokémon, cartas Yu-Gi-Oh. E tive a coleção toda dos Power Rangers que viravam a cabeça e as figuras do Dragon Ball.

Não existiam registos digitais na escola, e 5 minutos da aula eram para marcar o nosso comportamento com uma bolinha verde, amarela ou vermelha. “Não percam o próximo episódio, porque nós também não” e “comando na mão e carrega no botão” eram frases que sabia de cor.


As gravações automáticas eram um sonho do futuro, portanto ou parávamos religiosamente para ver a primeira temporada dos morangos com açúcar (depois do Batatoon), ou programávamos o gravador de VHS.

Não havia conversores de moeda. Portanto quando vi o escudo passar para Euro, vi maquinas de calcular a ser vendidas para ajudar nestes cálculos (mas para a tabuada continuei a utilizar a Tabuada do Ratinho). 

Eu fui à Expo 98 e assisti emocionadamente ao Euro 2004.

Tinha que ir comprar um Tamagotchi - o que hoje poderia ser uma mera App.



É fascinante ver o quanto tudo evoluiu a nosso favor, mas a minha percepção da sociedade em geral é que as pessoas são menos felizes. Por isso agradeço tanto a 2023 tal como agradeço a qualquer um dos anos que me presenteou com todas estas recordações - acreditando que sempre que dermos valor ao presente, respeitando o que o passado fez por ele, seremos mais felizes. Que 2024 possa ser um ano de dar valor a tudo o que temos e que damos como certo.


Porque aparentemente a facilidade da felicidade torna-nos menos felizes.

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