Sporting vs. Covid

Com todo o respeito pelos meus amigos Sportinguistas, que este ano certamente mereceram ganhar, enoja-me a dualidade de critérios do nosso governo e a permissão que é concedida à loucura do futebol. 

Depois de termos chegado ao ridículo de entidades governativas nos premiarem com sugestões de 'fazer lanchinhos de aniversário', de termos estado fechados em casa 3 meses e de muitos não terem conseguido passar o Natal com quem amam, este é o resultado da falta de um planeamento eficaz que controle minimamente estes ajuntamentos - quando já era bem sabido que o Sporting seria campeão nacional hoje. 

Depois de médicos e enfermeiros suarem para salvar uma vida de entre as 17 mil que já perdemos, depois de termos que habituar o nosso cérebro a briefings quase diários sobre como nos comportar em público e de milhares de negócios falidos, somos condescendentes com festejos que não estão ao nível de datas importantes que (quase) nada conseguimos celebrar. 

Num país que teve em cima da mesa, e na comunicação social, o debate exaustivo sobre a possibilidade de adiamento das eleições presidenciais, e em que milhares de jovens se sentiram com mais dificuldades no seu acesso à aprendizagem, assistimos a estas imagens esclarecedoras de como o nosso país continua a ser e a viver futebol. 

Concluindo, para todas as pessoas que foram multadas por beber um café ao postigo quando  não era permitido, por não terem respeitado as distâncias de segurança, por terem bebido uma mini na via pública ou por algum dia não terem utilizado uma máscara quando deviam: lamento, não esperaram pelo momento certo. O vosso motivo não era tão desculpável como a celebração de um título de futebol. 

Para os meus amigos Sportinguistas com consciencia: muitos parabéns, e se querem sair a rua que o façam dentro dos vossos carros; que utilizem máscara; e que mantenham a distância de segurança, conscientes de que se não o fizerem o que está em jogo são vidas, não pontos.